sexta-feira, 13 de abril de 2012

Singularidades de uma Rapariga Loira

[ESNelas]


 Este conto é, de facto, fantástico. Não me refiro apenas à trama, mas também ao facto de como Eça de Queirós consegue retratar a sociedade da época e os valores por que se guiavam.
De uma forma muito resumida e direta, trata-se de uma história de amor. Não apenas só mais uma. Este texto retrata um amor profundo e diferente, com valores e ideais morais envolvidos. Prova-se que o amor nem sempre vence todas as dificuldades e todos os obstáculos. Mas porquê?
Tudo sucede devido a um “acidente singular da vida amorosa”. Macário é a personagem principal. Este conta a sua história a um desconhecido numa estalagem, que, por sua vez, nos conta a história a nós.
Macário era um homem honesto, humilde e fiel aos seus valores que levava uma vida que o satisfazia. Trabalhava como escrituário com o seu tio Francisco, um homem exigente, disciplinado e rígido.
Então, chegou o dia que viria a mudar para sempre o resto da sua vida. Viu, no peitoril de uma janela, uma rapariga lindíssima, como nunca antes tinha visto. Esta tinha cabelos loiros e compridos, pele clara e dentes brancos como pérolas. Era uma rapariga jovem e única, com cerca de 20 anos. Era Luísa.
Macário apaixonou-se imediatamente pela sua vizinha. O amor era tal que Macário nunca mais foi o mesmo, tal era a paixão que o nutria pela bela rapariga.
Conheceram-se.
Macário fazia tudo para poder estar perto de Luísa e, por isso, passou a frequentar os eventos a que ela ia, tudo para que pudesse estar perto da mulher dos seus sonhos. Mas todos estes encontros ficaram marcados por diversos e estranhos acontecimentos, todos eles explicados pelo inesperado final desta história de amor. 
Macário, profundamente apaixonado, decide casar com Luísa. Um beijo profundo foi o grande motivo para tal decisão. Foi pedir licença ao seu tio, com quem vivia, autorização, mas este não permitiu o casamento. Macário continuava a insistir no seu noivado, por isso o seu tio Francisco despediu-o como funcionário e, consequentemente, ignorou-o como sobrinho.
Macário não desistiu da sua Luísa, porque acreditava que ia conseguir arranjar um bom emprego. Não conseguiu e viveu na miséria.
Finalmente, surge uma oportunidade. Um amigo seu propôs-lhe ir para Cabo Verde trabalhar. Macário aceitou e pediu a Luísa que esperasse por ele até conseguir arranjar algum dinheiro.
Voltou para Portugal e pediu Luísa em casamento, que aceitou imediatamente.   
A fortuna que tinha feito rapidamente se perdeu.
Foi novamente falar com o seu tio para se despedir e, surpreendentemente, este aceitou-o de volta a sua casa, tal como o seu casamento com Luísa. Os bons ventos tinham regressado. 
Macário e Luísa foram comprar o anel de noivado a uma joalharia. E é neste mesmo local que se dá o momento mais marcante e decisivo da história. O momento que leva Macário à completa desilusão e tristeza. Macário sente-se completamente enganado e traído ao ouvir as palavras do joalheiro. Não podia acreditar!
Todo o amor que sentia por Luísa estava a desvanecer. Mas o que se tinha passado? O que poderia Luísa ter feito para ter destruído tamanhal paixão? Que ato horrível e desonesto poderia Luísa ter cometido que levasse Macário a terminar ali mesmo o seu amor por ela? Que o tivesse deixado tão devastado sentindo-se traído? O que poderia ter ela feito de tão horrível que colidia com os valores e ideais morais de Macário?
“Vai-te!”. Foram as últimas palavras de Macário a Luísa, as palavras que terminaram um amor tão profundo, digno de contos e histórias que atravessam as gerações.
Na verdade, quem ler este conto apercebe-se que Luísa era, como se disse sem rodeios, “uma rapariga loira e singular”.

                                                                                                                   Filipa Paula, Nº 10, 10º A


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